O desespero era total. A devastação que o ciclone Idai deixou em Moçambique atingiu as cidades da Beira, Dondo, Buzi e outros lugares de uma forma que impossibilitou os moradores de ajudarem uns aos outros. As pessoas andavam pelas ruas, mesmo na chuva, sem saber o que fazer.

Mas nós fomos enviados para levar alegria! Deus nos chamou para esse momento e era preciso fazer algo.

No entanto, a comida estava desaparecendo, os bancos fechados – as ofertas não chegavam até nós. Porém, quando queremos ajudar, o Pai nos sustenta! Reunimos a igreja em oração, de manhã e à tarde, e começamos a pedir que a chuva parasse. E a chuva parou! Que os bancos reabrissem. E os bancos reabriram! Que o sol brilhasse. E o sol retornou forte! Que as ajudas chegassem. E elas começaram a chegar!

Montamos um quartel de apoio na igreja, servindo alimentação às crianças, inclusive algumas que estavam abrigadas na igreja. Depois as ofertas aumentaram e todos que precisavam podiam fazer de duas a três refeições diariamente na igreja. Uma senhora que perdeu o telhado da casa, e podia reclamar da situação, se dispôs a ajudar e veio cozinhar. Ela estava na casa do irmão, mas não falhou um dia, por mais de um mês, ajudando-nos na cozinha.

Nos cultos, os milagres foram contados, entre risos e lágrimas, naqueles momentos de oração. Todos estavam ali. Tudo ruíra ao lado deles, mas não foram atingidos. Como aquela mulher, que antes mesmo do ciclone todos diziam que a sua casa seria a primeira a ser atingida; seu coração doía, mas ela apenas clamava. E o ciclone veio e levou o telhado de sua casa. Ficou na chuva, esperando dentro da casa, pois não tinha como sair. Quando amanheceu, qual não foi sua surpresa: a única casa que estava de pé foi a dela; as demais haviam caído.

Outra história que conto é sobre o Daniel, um adolescente magrinho e baixinho. Sua mãe não é de nossa igreja, mas ela veio em um dos cultos. Na hora dos testemunhos ela levantou e disse: “Quero agradecer a Deus, pois no momento da tempestade meu filho subiu e ficou pendurado no teto, que não foi arrancado. Chorava, pois o peso do corpo de Daniel não aguentaria uma tempestade como aquela. Ele voaria junto com o telhado, mas Deus não deixou que ele fosse atingido”. Glória ao Senhor que o protegeu e também pela vinda da mãe à igreja para compartilhar conosco o ocorrido.

Na comunidade levamos kits de apoio, e ouvíamos muitas histórias de sobreviventes e de vítimas também, de momentos bons, mas também de perdas, dores e sofrimento. Contudo, os cristãos verdadeiros e comprometidos com Deus se destacam nessas horas e levam a felicidade do Pai àqueles que sofrem. Saber que éramos apoiados em orações e ofertas nos trouxe alegria. E nós a espalhamos até onde alcançamos! De que forma? Por meio de cuidados com a saúde e em forma de medicamentos (médicos voluntários vieram ajudar); reconstruções (vieram engenheiros e homens simples); ou ouvindo quem precisava falar e chorar.

Há tantas maneiras de levar alegria! E mesmo em um mundo com lutas e provações, ainda podemos fazer algo pelos outros, por missões! Não fomos atingidos!

 

“Mil cairão ao teu lado, dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido.”

(Salmos 91.7)

 

A luta ainda é grande, mas com certeza a venceremos, pois Deus está conosco e que sei que o povo moçambicano pode contar com suas orações e ofertas.

 

Noêmia Cessito
missionária em Moçambique

 

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