Uma semana após o relatório situacional da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre a COVID-19 em janeiro de 2020, Missões Mundiais iniciou um monitoramento diário dos campos, em resposta à situação. Na época um Protocolo de Segurança foi emitido aos missionários da Ásia dizendo que, entre outras ações, eles deveriam estocar alimentos, medicamentos e produtos de higiene para 40 dias, além de seguirem as orientações dos governos locais.

Conforme o coronavírus se espalhou para outros lugares do mundo, como Oriente Médio e Europa, em fevereiro de 2020, a organização missionária da Convenção Batista Brasileira ampliou o Protocolo de Segurança a todos os seus missionários como uma medida de prevenção ao contágio. Paralelamente, a Alta Direção elaborou um Plano de Contingência para a Sede da JMM (RJ), no qual foi definido que todos os colaboradores atuariam em regime home-office (trabalho em casa) e que visitas de fornecedores, representantes comerciais, parceiros e visitas institucionais estariam suspensas. 

Diante de todos esses fatores, ainda em 2020, Missões Mundiais ativou o Comitê de Resposta a COVID-19, visando o cuidado e monitoramento de todos. Para entender melhor a importância desse cuidado prestado pela organização para com os seus, o Relator do Comitê, Daniel Moulié, respondeu algumas perguntas que você pode conferir abaixo:

 

Quando surgiu o Comitê e com qual o objetivo?

Daniel: Em 19/03/2020, dois meses após o primeiro reporte situacional da OMS, Missões Mundiais ampliou sua resposta à crise, ativando o Comitê de Resposta a COVID-19, que tem por objetivo monitorar todos os nossos missionários, sejam eles brasileiros, missionários da terra e colaboradores da sede e seus familiares.

O Comitê reúne alguns executivos da organização com contato constante para reavaliações tempestivas dos avanços da Covid-19 e seus impactos nas operações, na qual foi estabelecida uma sistemática para o monitoramento dos avanços da pandemia.

Outro papel relevante do Comitê é a obtenção de atualizações tempestivas sobre riscos emergentes e ameaças significativas para os missionários e projetos, incluindo vulnerabilidades e potenciais impactos.

Quais são os profissionais que o compõe? São colaboradoras da JMM ou temos também voluntários? 

O Comitê de Resposta ao COVID-19 conta com sete membros, reunindo alguns executivos da organização. São eles: 

Daniel Moulié (Relator do Comitê e Coordenador de Segurança e Inteligência Missionária), Lucas Mota (Coordenador de Desenvolvimento Comunitário), Ana Lúcia Matosinho (Coordenadora do Programa Radical), Carmen Lígia (Coordenadora Continental das Américas do PEPE Internacional), Igor Oliveira (Coordenador Regional do Leste da Ásia), Josué Lima (Coordenador Regional da África Subsaariana) e Aline Braga (Integrante do Staff da Gerência de Missões).

Gostaria de fazer destaque para um componente do Comitê, o missionário Pr. Hans Udo Fuchs. Ele esteve conosco desde o início do Comitê, mas nesse meio tempo ele se aposentou. O Pr. Hans contribuiu significativamente para o cumprimento de nossas responsabilidades.

Como é a "rotina" do Comitê? Quais são as tarefas e papéis que desempenham para assegurar a segurança e acompanhar a todos os missionários e colaboradores?

O Comitê se reúne diariamente através de uma plataforma virtual para discussão e mapeamento de cenários de curto e médio prazo e de prolongamento da crise, avaliando as ações de abrandamento para situações extremas. Todos os componentes do Comitê ficam disponíveis 24h por dia para atender todas as demandas.

Com o tempo, o aprendizado e o amadurecimento de nossos processos, passamos a ser mais assertivos em nossas análises e discussões.

Nesse período de ativação do Comitê foram produzidos 10 protocolos, todos eles com o objetivo primário de prevenir a contaminação.

Ao final da crise, Missões Mundiais levantará os aprendizados e revisitará os processos de Gestão de Riscos, Gestão de Crises e Gestão da Continuidade de Negócios, buscando manter a prontidão para atuar em situações futuras.

Em caso de suspeita de um colaborador/missionário contrair a Covid-19, quais são as medidas adotadas?

A primeira medida, caso o colaborador/missionário esteja suspeitando de ter contraído a COVID-19, é ir ao hospital para avaliação e confirmação de contaminação. A segunda medida é comunicar qual o seu quadro de saúde e quais ações ele já adotou ao seu líder direto, que tem como responsabilidade informar ao Comitê de Resposta a COVID-19.

Ao receber essa demanda, o Comitê designa um Ponto Focal, que é um componente do Comitê, para acompanhamento diário do caso.

No primeiro contato do Ponto Focal com o colaborador/missionário é feito uma análise histórica para entendimento do contexto. É perguntado quando iniciaram os sintomas, se ele teve contato com alguém que confirmou contaminação, se os sintomas aumentaram com o decorrer dos dias, entre outras questões.

A partir dessa análise contextual, seguimos o acompanhamento diário duas vezes ao dia e procuramos viabilizar suportes que se façam necessários.

Confirmando a contaminação por COVID-19, disponibilizamos à família um acompanhamento especializado através do Grupo de Apoio, que é composto por conselheiros, pastores, médicos, psicólogos e demais profissionais da saúde, todos eles voluntários.

Esse acompanhamento fazemos até que o colaborador/missionário termine a quarentena ou faça outro teste e tenha o resultado negativo.

A distância pode ser um problema?

Não. Mesmo com a dificuldade da distância, o suporte é feito de perto através de ferramentas de comunicação instantânea. Acreditamos que caminhar junto é a solução para o suporte.

Desde sua criação até os últimos dados em junho de 2021, o Comitê já emitiu 22 Relatórios de  Monitoramento sob a perspectiva do impacto da COVID-19 nas operações e ações mitigatórias desde o início da pandemia, totalizando 160 casos monitorados. Entre esses, somente um veio a falecer devido ao coronavírus, o missionário Gladimir Fernandes que serviu ao Senhor ao lado de Missões Mundiais por quase 25 anos. Enquanto estava internado no hospital, a esposa do missionário, Marcia Fernandes, pôde testemunhar o amor de Deus aos médicos. 

A mesma atitude foi tomada pelo missionário Elton Rangel Jr. que contraiu a doença ao chegar no Brasil e chegou a ficar internado por duas semanas no Hospital Universitário de Maringá/PR. Ele recebeu alta na segunda-feira (16) e contou que aproveitou o tempo em que estava lá para evangelizar a equipe médica. “O Senhor, na Sua infinita Graça, ainda me usou para evangelizar e orar por vidas que voltaram para Jesus e outros entregaram-se a Cristo. Nada é em vão!”, alegrou-se o missionário que veio de Cabo Verde para o Brasil, acompanhado de sua esposa, a missionária Kellen Rangel, também curada da Covid, para cuidar da matrícula dos dois filhos na faculdade.

A obra missionária nunca para. Ela apenas se adapta ao cenário mundial, seguindo a direção de Jesus, aquele que nos chamou para ser sal e luz entre as nações. Missões Mundiais é a soma do DNA de cada batista brasileiro que contribui em oração, ofertas, mobilização e indo ao campo. Assim, seguimos em frente zelando e cuidando de cada missionário e colaborador para que como organização, a JMM continue cumprindo o papel seu na Grande Comissão: levando a Mensagem e fazendo discípulos em meios aos povos e nações da Terra.

 

por Jamile Barros (Jornalista) com a contribuição de Daniel Moulié (Coordenador de Segurança e Inteligência Missionária de Missões Mundiais)