Como explicar a presença de três brasileiros, um morando no Reino Unido, outro na Espanha e outro no Chile, num projeto de futebol na Alemanha, voltado para as crianças ucranianas refugiadas de guerra? Como explicar a participação da igreja local, liderada pelos alemães de descendência russa, ao lado dos voluntários da Moldávia? Além disso, como entender todo trabalho liderado por um russo ao lado de um ucraniano? Eu tenho apenas uma resposta – a beleza do corpo de Cristo, em que Jesus é o cabeça!

Mesmo em meio à dor, da guerra, de 14 milhões de refugiados ucranianos, Deus está cuidando do Seu povo. E a única mensagem que Ele quer repassar é mostrar a compaixão para com os necessitados.

Por “coincidência”, na cidade de Colônia, ao lado da Evangelische Freikirche Koln (Igreja Batista de Colônia) a prefeitura construiu um centro de refugiados, onde no momento vivem cerca de 400 ucranianos. Por “coincidência”, ao lado do centro há uma escola pública com toda a estrutura para fazer eventos esportivos. Por “coincidência”, Deus nos trouxe para esta cidade. Assim, no mês de maio, realizamos um projeto esportivo que intitulamos “Acampamento Brasileiro de Futebol” para as crianças refugiadas ucranianas. Mobilizamos os recursos humanos e materiais, com três brasileiros, liderados pelo representante da JMM, Josué Pinheiro, dirigindo todo o processo. A parte futebolística foi liderada pelo André Vieira, missionário brasileiro na Espanha, com licença da UEFA. O Pr. Danilo Scarpelli (pastor presbiteriano no Chile) foi responsável pela parte espiritual do projeto. Já o voluntário Pavel Tjan, liderou o trabalho dos voluntários que ajudaram no projeto.

Dividimos o projeto em três partes. Primeira, o trabalho com futebol, em que tivemos a participação de cerca 55 crianças ucranianas e alemãs, entre 8 e 17 anos. Segunda, o trabalho com as crianças menores de 7 anos, em que tivemos a participação de 20 crianças. E o terceiro, o trabalho com as mães cujas crianças participaram do projeto. Interessante destacar que os voluntários foram, também, os refugiados ucranianos.

Durante quatro dias trabalhamos cinco valores fundamentais: esforço; família; respeito; alegria e esperança. Não tenho palavras para descrever a alegria das crianças que participaram do projeto. Os brasileiros trouxeram muita competência e alegria de futebol. A Palavra, no final de cada treino, trouxe muita esperança. No final de cada dia, os alemães abençoavam com sorvete, cachorro-quente entre tantas outras coisas. Tudo funcionou perfeitamente. A finalização do projeto aconteceu no culto na igreja alemã, no mês de junho.

Eis alguns testemunhos que ouvimos durante e depois do culto: (Sasha, menino de 13 anos, fugiu com sua irmã mais velha e os pais continuam na Ucrânia): “O acampamento foi um divisor das águas. Os brasileiros foram fantásticos. Se vocês são batistas, quero me tornar batista também”. Polina, voluntária cristã da cidade de Kiev, refugiada, 18 anos: “Servindo a outros, a minha dor fica mais fraca. Vale a pena fazer este trabalho”. Um pai de duas crianças que participaram do acampamento: “Meus dois filhos não gostam de futebol. Mas soubemos do projeto e decidimos participar. No primeiro dia os meninos foram sem muita vontade. No segundo dia já estavam mais interessados. Já no último, acordaram cedo e correram para o campo”.

A palavra foi semeada. Os relacionamentos foram construídos. Mas, a guerra na Ucrânia continua, provocando muita dor e sofrimento. Por isso, temos que avançar, já pensando nos próximos passos!

 

Anatoliy Shmilikhovskyy
missionário de Missões Mundiais