Quero contar a você uma experiência inesperada e maravilhosa que o Senhor nos deu. No calendário islâmico há dois feriados sagrados: o Eid al-Fitr e o Eid al-Adha. Eid significa "algo cíclico", pois os dois Eids acontecem todos os anos. No Eid al-Adha se sacrificam animais, a princípio em memória do profeta Ibrahim (Abraão), quando ofereceu seu filho, segundo eles Ismael (não Isaque) como sacrifício em um ato de obediência a Deus.  Estas são algumas das distorções do Velho Testamento nas quais eles acreditam.


Pelo senso comum local, o feriado também serve para que se faça uma boa ação, compartilhando a carne do animal sacrificado com os pobres e mesmo entre os familiares. Isto porque, de acordo com o islamismo, se pode e mesmo se deve agradar a Deus através de boas ações. De certa forma, é como se pudesse agradar a Deus apenas com este sarifício, mesmo sendo quem somos, maus e pecadores. Como se pudéssemos nos apresentar agradáveis  a Deus através desta “boa ação”, deste sacrifício animal.


Na época deste feriado, meu aluno de doutorado, já um professor na universidade, veio a minha sala para discutir o andamento do seu trabalho. Já faz mais ou menos dois anos que o tenho acompanhado, supervisionado. Então já nos conhecemos um pouco. Sabendo que ele é um muçulmano praticante, perguntei pra ele o real significado daquele feriado e sacrifício. Foi ele quem me deu a explicação que descrevi no início deste artigo.

Tendo ouvido sua explicação, de uma forma bem espontânea expliquei pra ele que, de acordo com a minha fé, pois todos sabem que sou cristã, Jesus Cristo foi morto como sacrifício em favor da humanidade e, por causa disso, Deus não exige nenhum outro sacrifício. O sacrifício de Jesus bastou para restaurar a nossa intimidade com Deus.

Aparentemente, de certa forma, ele entendeu o que eu disse sobre o quão valioso é o sacrifício de Jesus, pois começou a tentar explicar que eles não precisam mais fazer sacrifícios todos os anos, o que absolutamente não é verdade, e começou a tentar justificar, mas sem sucesso, aquele anual feriado de sacrifício de animais.

Achei maravilhosa esta oportunidade, pois foi algo muito natural. Assim como eu o ouvi, ele também me ouviu e respeitou. Aqui é fácil perceber quando conversamos com alguém sobre nossa fé e esta pessoa não aceita. Logo se vê uma expressão de desconforto e rejeição. Não aconteceu isto com este meu aluno. Creio que ele ouviu e pensou.


“Creio na Palavra de Deus e sei que ela é viva e eficaz, mais afiada que uma espada de dois gumes, capaz de dividir alma e espírito, juntas e medulas.” (Hebreus 4.12).

Compartilhei com ele da Verdade Eterna e isto, dentro de minha sala, em uma instituição governamental. Vocês conseguem entender o quanto isso seria pouco provável de acontecer neste contexto muçulmano? No meu trabalho não há outros estrangeiros além de mim. A maioria é muçulmana, com alguns yazidis e poucos contados como cristãos, sendo estes locais ortodoxos ou católicos, apresentando o que tenho entendido mais como tradição religiosa, sem relacionamento vivo com Cristo.

Por tudo isso, entendi o quão preciosa foi a oportunidade que o Senhor me deu e lhe sou muito grata por não ter me calado. Eu sei que o Senhor estava comigo naquele momento.

Ore para que eu e outros missionários tenhamos mais oportunidades para compartilhar a Palavra de forma espontânea e com naturalidade no nosso dia a dia.

 

Marzuq Marques
missionária no Oriente Médio

Doe agora