Há uma crise política na Venezuela, amplamente considerada como a pior crise humanitária das Américas na atualidade. O país sofre com a falta de recursos básicos para a sobrevivência, tanto na alimentação quanto na saúde. Milhares de pessoas passaram a viver em situação de pobreza extrema, o que força um movimento migratório de parte da população. Estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas tenham deixado o país desde que se passou a considerar uma crise humanitária. O atual governo também a atuar na contenção de manifestações e movimentos contrários à sua atual política, ferindo princípios básicos da sua própria constituição e dos direitos humanos.

A Colômbia e o Brasil são as portas de saída da Venezuela, dessa população que busca fugir e encontrar ajuda. Muitos saem com o propósito de se estabelecerem em outro país, mas há muitos que sonham em retornar à Venezuela e reconstruir a vida. Vale lembrar que este movimento migratório é formado – em sua maioria – por pessoas que tinham empregos, casa, família e não planejavam sair do país. Em uma das últimas pesquisas sobre o perfil dos que entram na fronteira brasileira por Pacaraima/RR, cerca de 70% das pessoas possuíam o ensino médio ou profissionalizante completo e quase 50% das pessoas possuem curso superior completo. Estes fatores refletem na postura desses imigrantes, os quais buscam oportunidades de trabalho para garantir o sustento de sua família – tanto as que os acompanham quanto as que ficaram na Venezuela.

Esta crise cria desdobramentos nas igrejas evangélicas. Entre as igrejas batistas da Convenção Nacional Batista da Venezuela (CNBV) – nossa coirmã batista no país – é nítido a mudança no perfil dos membros, principalmente pela saída de líderes do país em busca de sobrevivência. Pastores e líderes ativos se viram em situação de buscar no movimento migratório a solução para a fome e sobrevivência. Neste grupo se incluem os que dependem de algum tipo de tratamento médico ou para si ou para um de seus familiares. É compreensível esta atitude levando em conta a falta de insumos básicos de saúde e medicamentos de uso contínuo.

Ao mesmo tempo, o trabalho de plantação de novas igrejas segue com força total. Segundo o diretor de missões da CNBV, neste ano será celebrada na assembleia anual da convenção, a organização de mais de 40 novas igrejas no país. Também damos destaque ao programa PEPE que cresce no país. Atualmente funcionam cerca de 60 unidades do PEPE, na Venezuela, alcançando mais de 1400 crianças. É nas unidades do PEPE que muitos têm sua principal refeição do dia. O programa, inclusive, ganhou visibilidade e apoio de órgãos de educação do governo.

Atualmente atuamos na Venezuela através do PEPE e de ações do DNA missionário. Este tem por objetivo colaborar no desenvolvimento do setor de missões internacionais da CNBV e apoiar ações em missões transculturais.

Atuamos no estabelecimento da Casa Missão Brasil Venezuela, em Boa Vista, no início do ano passado, trabalhamos com 15 missionários venezuelanos que atuaram entre a população imigrante em Boa Vista. Destes missionários, seis atuam permanentemente no Brasil.

A CNBV conta com mais de 700 missionários atuando em diferentes regiões no país e conta com alguns em outros países, incluindo o Brasil. Participamos de dois dos três encontros de missionários realizados pela CNBV com o propósito de cuidar e encorajar os obreiros a seguirem semeando e levando o evangelho mesmo neste cenário adverso. Também estamos trabalhando para o início de um projeto em conjunto com a CNBV na cidade de Cucutá, fronteira colombiana.

Primeiramente, tenha este tema da crise humanitária da Venezuela em sua agenda de oração. Precisamos que as igrejas se engajem em oração para que Deus possa manifestar seu cuidado e conduza as lideranças políticas do país para uma solução pacífica. Clamo aos nossos promotores de missões para que sejam agentes intercessores e mobilizadores para levar os pequenos grupos, os segmentos diversos de sua igreja, os pastores e os líderes a se comprometerem em estabelecer uma grande rede de oração em favor do povo venezuelano. Clamo também às igrejas para que permaneçam relevantes e se comprometam em oração pelas crianças e de todas as pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade diante desta crise.

Também pode colaborar no apoio financeiro ao programa PEPE. Este tem sido um diferencial entre as famílias das comunidades onde está presente. Como o PEPE está totalmente vinculado à igreja local, esta encontra espaço para compartilhar da esperança que há em Jesus em momentos com este. O PEPE tem colaborado para que a população veja a igreja como uma representante de Cristo no meio do povo e ao passo que vê a igreja avançando e firme, isso anima o coração e produz uma experiência com o Rei dos reis.

Louvamos a Deus por nossos irmãos batistas venezuelanos que neste contexto, seguem demonstrando seu amor por Cristo e seu compromisso de fazerem a diferença em seu país e entre seu povo que se encontra no contexto migratório.

Missões Mundiais tem contato permanente com a DIME (Diretoria de Evangelismo e Missões da CNBV), onde são compartilhadas informações atualizadas, necessidades e oportunidades em tempo real. Seguimos como uma organização parceira à CNBV em ações que visam fortalecer a obra missionária dentro e fora do país.

 

 

Pr. Ruy Oliveira

Coordenador das Américas