Há alguns anos, aqui em Bafatá, minha esposa, a missionária Elaine, iniciou um curso de alfabetização para mulheres africanas que não tiveram a oportunidade de aprender a ler e a escrever. Muitas nos relataram que sofreram grande pressão por parte de seus maridos para que não fossem às aulas. Muitos homens africanos mais velhos não deixam suas esposas ou filhas frequentarem um banco de escola, porque “pregam” que se uma mulher souber demais vai competir com eles. Por isso, os pais entregam suas filhas ainda menores de idade para casamentos forçados. As mulheres africanas muitas vezes são usadas apenas como “material de trabalho”, bem como para exploração, em vários sentidos.

Esse comportamento tem acarretado problemas muitos sérios no meio da nação guineense, e a nossa Escola Batista em Bafatá trabalha para mudar o pensamento dos pais de nossos alunos. Após o término do ano letivo de 2018, homenageamos os três melhores alunos da Escola e, para a nossa surpresa, foram três meninas. Foi muito gratificante presenciar a reação dos pais delas. No início ficaram meio confusos, e quase não acreditaram, mas depois sentiram-se orgulhosos pela homenagem. A direção da Escola Batista decidiu, sabiamente, dar bolsa de estudo integral para as três melhores alunas e isso teve um impacto muito grande entre a comunidade.

Contudo, peço sua oração e intercessão, pois ainda há muitas meninas nas aldeias guineenses que não vão conseguir sentar-se num banco escolar, e em breve serão dadas em casamentos forçados, passando a vida toda sendo humilhadas e desvalorizadas por seus maridos. E depois de serem exploradas por eles gerando muitos filhos, serão “esquecidas” por seus maridos que terão o direito cultural de trazer outra “noiva”, bem mais nova, para substituir a primeira mulher. Esse ciclo cultural nocivo causa muitas dores aos filhos, que crescem em um ambiente hostil, sem nenhum afeto pelos pais, gerando uma sociedade violenta e bárbara, e que torna mais difícil semear o Evangelho.

Sabemos que a Palavra está proporcionando mudanças entre eles, mas ainda existem muitas mulheres oprimidas e exploradas por seus maridos. Que o nosso Deus derrame sua misericórdia entre as mulheres africanas, e que elas tenham ainda mais oportunidades de alfabetização na Escola Batista em Bafatá. Pedimos que se juntem a nós em oração também pela conversão dos muçulmanos locais e do povo saraculé; pelo período chuvoso, pela saúde dos africanos e pela igreja. Continue levando ao Senhor a vida e o sustento da nossa família.

 

Freddy Ovando
Missionário em Guiné-Bissau

 

DOE AGORA