Vivendo fora do contexto da América Latina há anos, temos experimentado e vivido como família com um diferente tipo de igreja. Aqui no Norte da África encontramos uma igreja que sobrevive sob uma severa perseguição e num ambiente de extremo medo. É verdade que nos últimos anos alguns países da região têm experimentado um avivamento significante, como é o caso da Argélia, onde hoje há casos de 200 irmãos reunidos às escondidas em suas casas. 

Mas em outros, o cenário é totalmente distinto: no Sudão, muitos missionários foram expulsos simplesmente sem direito a indagar o porquê de tal ato contra aos próprios direitos humanos; e a igreja nativa que ali existe vive hoje talvez seu pior momento. Na Tunísia, onde todos pensavam que a situação mudaria depois da queda do antigo regime, o que se vê hoje é um retrocesso em relação à tradição religiosa. É comum observar nas ruas mais pessoas vestidas tradicionalmente de acordo com o islã do que se via há 5 anos. 

No Marrocos, desde 2008 a situação dos missionários que lá puderam ficar é cada vez mais complicada. As autoridades seguem apresentando todo tipo de impedimento para que estrangeiros possam viver ali. Ao que parece, a Primavera Árabe em quase nada ajudou aos crentes que vivem e perseveram em seguir ao Senhor nessa região chamada Norte da África. 

Somos em tudo afligidos, mas não esmagados; perplexos, mas não desesperados; Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, porém não destruídos. (2Co 4.8-9)

Um testemunho vivo dessa igreja sofrida 

Cada vez que estamos com os irmãos dessa igreja somos tremendamente abençoados! A última vez que estivemos com eles, ouvimos de um líder nacional sobre as maravilhas que eles estão vivendo ali, apesar das adversidades. O governo, a policia secreta e os religiosos fundamentalistas sempre estão buscando uma maneira de expor esses irmãos de uma maneira negativa nos meios de comunicação e também na comunidade aonde vivem. Mas ainda assim, esses valentes irmãos têm vivido um momento de crescimento espiritual e de comunhão entre eles, o que os fazem estar cada vez mais unidos e perseverantes. 

Suas reuniões são feitas em locais pré-determinados pelos líderes. Nem sempre elas podem ser realizadas num mesmo lugar devido a vigilância; uma experiência vivida por quase todos eles. Vigilância que pode vir das autoridades, mas também de suas próprias famílias. Há casos de irmãos que estão sofrendo extrema perseguição de seus familiares e, em algumas situações, são os maridos que não admitem que suas esposas e filhos professem outra crença. Durante as reuniões, todos os crentes são animados a seguir com fé, entendendo que Deus está cuidando de cada um deles e lhes dará a força, o discernimento e o escape em qualquer situação que se apresente, e dessa forma todos eles têm vivido. 

Algo que toca o nosso coração é quando ouvimos seus pedidos de oração. Ao final dos encontros, pedimos que nos digam seus motivos de oração, e eles sempre fazem muitos: para que a igreja siga crescendo; que alcancem maturidade espiritual; por seus filhos... Mas um pedido é sempre muito especial: eles pedem que NÃO oremos para que a perseguição termine! “Mas como assim?” (Perguntamos). E eles respondem: “A perseguição nos faz crescer! Sem ela, talvez estaríamos acomodados com a vida cristã religiosa, mas com ela (a perseguição) somos forçados a sempre depender do Senhor e seguir sobrevivendo em meio às tribulações! 

Que forte! Que fé têm esses irmãos! Uma fé que não vivemos na igreja ocidental. E como é de costume, saímos daqueles encontros chorando por sermos testemunhas de tão extraordinária expressão de fé e dependência do Senhor. Não deixe você de orar por essa igreja que vive às escondidas.

 

Caleb e Rebeca Mubarak
Missionários no Norte da África